Dólar tem forte alta e ações do Brasil caem no exterior após eleição de Lula
O dólar comercial subia 1,60% às 9h10 desta segunda-feira, (31), cotado a R$ 5,3870, nas primeiras reações do mercado financeiro ao resultado das eleições presidenciais no Brasil. Ações brasileiras listadas no exterior recuavam.
Os papéis da Petrobras listados nos Estados Unidos sofriam algumas das maiores perdas, com queda de mais de 10% nas negociações que antecedem a abertura das Bolsas. O índice iShares MSCI Brazil ETF, o mais conhecido indicador das ações brasileiras no exterior, caía 5%, reportou a agência Reuters.
Lula recebeu 50,9% dos votos válidos, e Bolsonaro, 49,1%. É a menor diferença da história brasileira desde a redemocratização de 1985. Em 2014, Dilma Rousseff (PT) bateu Aécio Neves (PSDB) por 51,64% a 48,36% na rodada final.
Analistas do mercado financeiro avaliaram, antes da abertura das negociações da Bolsa de Valores, que a vitória de Lula já havia sido considerada nos preços das ações, que fecharam em queda na semana passada. Ainda assim, disseram que a tendência é de queda para as negociações nesta segunda.
Eles também pontuaram que o desempenho dos indicadores financeiros mais importantes para medir a confiança de investidores na economia -Ibovespa, dólar e juros- dependerá das indicações do presidente eleito sobre a condução da economia e, além disso, à reação de Bolsonaro e seus apoiadores à derrota.
Entre as principais preocupações de investidores com o governo de um candidato de esquerda está a possibilidade de aumento dos gastos públicos.
“Há um temor quanto ao futuro da economia do país dado que, obviamente, a revogação do teto de gastos aumentaria o risco fiscal”, comentou Jansen Costa, sócio da Fatorial Investimentos.
Investidores ampliaram na última sexta-feira (28) as vendas de ações com grande peso na Bolsa de Valores, enquanto reforçaram amplamente compras de papéis baratos ligados ao varejo e educação.
Essa troca de ativos levou o Ibovespa a fechar o dia com ligeira queda de 0,09%, aos 114.539 pontos, acumulando perda semanal de 4,5%, na contramão da recuperação dos principais índices no exterior.
No último dia de negociações antes do segundo turno das eleições presidenciais, o movimento no mercado doméstico foi interpretado por analistas como uma tentativa de investidores de incluírem em suas carteiras ações com maior potencial de valorização em caso de vitória de Lula.