Aos 83 anos, idosa volta a estudar: “Ficar em casa fazendo o quê?”
Dona Maria Izabel Alves Velomin é a aluna mais velha da Educação de Jovens e Adultos (EJA) de Paranaguá. Aos 83 anos, ela decidiu que é muito melhor estar na escola, do que ficar em casa “fazendo nada”, conforme suas próprias palavras.
De segunda à quinta-feira, ela coloca o tênis e vai caminhando, junto com uma amiga, cerca de 950 metros, do Porto dos Padres, onde mora há mais de 60 anos, até a Escola Municipal José de Anchieta, na Vila Guarani. As aulas acontecem no período noturno.
“A gente poderia vir de ônibus, mas minha amiga não tem a carteirinha, então eu venho caminhando para acompanhar e ela não vir sozinha”, conta dona Maria.
Na escola, ela está sendo alfabetizada pela professora Rosane Poletti Kirchhoff, da educação pública municipal de Paranaguá. A turma de alfabetização conta com cerca de 10 alunos que, em sua maioria, são idosos.
“É muito gratificante vermos o esforço deles, que não tiveram a oportunidade de estudar quando eram crianças porque, naquele tempo, tinham que trabalhar, moravam na roça, tinham que ajudar em casa. Mas depois de idosos tiveram a vontade de aprender. Alguns querem aprender a ler para ir para a igreja, ler a bíblia; outros pelo prazer de poder pegar um ônibus sem errar; ler uma placa; ir ao banco; serem independentes”, comenta a professora.
Dona Maria é a mais velha da turma, mas muito participativa e esforçada nas aulas, além de bem humorada com os colegas de classe. Ela já consegue ler as sílabas simples e comemora cada pequena conquista.
Ela conta que, quando criança, morava em Antonina e as escolas eram muito distantes de sua casa, por isso, todos os irmãos foram criados sem estudo. Após, perdeu os pais ainda muito jovem e teve de trabalhar para sobreviver, não tendo tempo para os estudos.
Para depois que terminar os estudos, os amigos de classe se divertem dizendo que ela será a advogada da turma.