Palmeiras vence Flamengo na prorrogação e conquista 3º título da Libertadores
O Palmeiras precisou de apenas 301 dias para conquistar um raro bicampeonato consecutivo da Copa Libertadores. Com gols de Raphael Veiga e Deyverson, este na prorrogação, venceu o Flamengo por 2 a 1, neste sábado (27), no Estádio Centenário, em Montevidéu, e faturou o seu terceiro título da principal competição de clubes da América do Sul.
Campeão pela primeira vez da Libertadores em 1999, o Palmeiras também havia vencido a edição anterior da competição, concluída apenas em janeiro deste ano. E agora se juntou a Santos, São Paulo e Grêmio como outros clubes brasileiros que ganharam três vezes o torneio.
Assim como em janeiro, quando Breno Lopes deixou o banco de reservas para marcar o gol do título do Palmeiras, outro centroavante reserva foi acionado em Montevidéu para garantir uma nova taça para o clube: Deyverson. De volta do futebol espanhol em junho, entrou em campo antes do início da prorrogação e acabou sendo autor do decisivo gol no quarto minuto do tempo extra.
Mais do que isso, o Palmeiras alcançou um feito raro, ao ser bicampeão consecutivo da Libertadores, algo que tinha ocorrido pela última vez na competição em 2001, pelo Boca Juniors. Entre clubes brasileiros, apenas o Santos de Pelé (1962 e 1963) e o São Paulo de Telê Santana (1992 e 1993) haviam vencido a competição em temporadas seguidas.
Esta foi a sexta final da Libertadores do Palmeiras, agora com três títulos e três derrotas, em 1961, 1968 e 2000. Já o Flamengo pela primeira vez perdeu uma decisão do torneio – havia sido campeão em 1981 e 2019. E superar esse retrospecto positivo do rival em finais não foi o único desafio do time paulista para deixar Montevidéu com a taça.
Afinal, o retrospecto palmeirense diante do Flamengo era péssimo nas últimas temporadas, com a última vitória tendo acontecido em 2017. Ela havia ocorrido em 12 de novembro daquele ano, quando Deyverson marcou duas vezes para definir o triunfo por 2 a 0. Agora, então, ele volta a ser decisivo para o clube.
Depois disso, foram cinco derrotas e quatro empates nos nove compromissos seguintes do Palmeiras contra o adversário. O Flamengo também havia vencido o time paulista nas duas decisões anteriores, na Copa Mercosul de 1999 e na Supercopa do Brasil deste ano.
Além disso, no Estádio Centenário, o Palmeiras perdeu as finais de 1961 (jogo de ida) e de 1968 da Libertadores. E, neste sábado, a torcida do Flamengo ocupava a maior parte das arquibancadas para acompanhar o mais importante duelo entre dois times protagonistas no futebol brasileiro e sul-americano nos últimos anos.
O Flamengo, afinal, é o atual bicampeão brasileiro, além de ter vencido a Libertadores em 2019. O Palmeiras, por sua vez, faturou a Copa do Brasil e a Libertadores na temporada 2020, título que agora volta a conquistar, além de ter ganhado o Brasileirão em 2016 e 2018.
Ainda com três compromissos a realizar no Brasileirão, em que ocupa o terceiro lugar, o Palmeiras voltará a disputar, em fevereiro de 2022, nos Emirados Árabes Unidos, o Mundial de Clubes, sendo que o sorteio dos confrontos está marcado para a próxima segunda-feira. Já o Flamengo precisa superar a decepção da queda na final da Libertadores para buscar o tricampeonato nacional. Está, porém, a 8 pontos do líder Atlético-MG com 4 jogos a disputar.
1º tempo: Gol precoce do mais organizado Palmeiras
Para a decisão da Libertadores, Abel Ferreira não pôde contar com o seu lateral-direito titular, Marcos Rocha, usando Mayke na posição. Além disso, deixou Felipe Melo, com dores, no banco. Já no lado do Flamengo, Renato Gaúcho teve força máxima, incluindo o uruguaio Arrascaeta, recuperado de lesão muscular.
Apesar de uma escalação usual, Abel surpreendeu com o posicionamento inicial do Palmeiras em campo, ao colocar Piquerez como um zagueiro, ao lado de Gustavo Gomez e Luan. E a estratégia de liberar Mayke, na direita, e Scarpa, na esquerda, para explorar espaços na defesa do Flamengo rapidamente deu certo.
Aos 6 minutos, Mayke foi lançado por Gómez na direita, avançou em velocidade até a área e cruzou para trás. Raphael Veiga chegou batendo de primeira, de canhota, para colocar o Palmeiras em vantagem. Foi o 18º gol na temporada do meia, artilheiro da equipe.
O gol precoce, evidentemente, influenciou a dinâmica do jogo. O Palmeiras, em vantagem, recuou, passando a marcar atrás da linha da bola e permitindo que o Flamengo ocupasse o campo de ataque. Mas o time carioca pouco criou, a ponto de o momento de mais tensão ter sido um decisivo desarme de Bruno Henrique por Mayke, aos 16 minutos, após drible em Luan na grande área. O Palmeiras ainda assustou em jogada pela ponta, como a do seu gol, quando Raphael Veiga fez um cruzamento perigoso, cortado por Rodrigo Caio, aos 28.
No fim do primeiro tempo, já sem Filipe Luís, que deixou o campo lesionado, o Flamengo enfim chegou em perigo e por duas vezes, ambas com Arrascaeta. Primeiro, aos 42, Weverton fez ótima defesa após jogada trabalhada por Gabigol e Bruno Henrique terminar com a finalização do uruguaio. Depois, aos 46, a defesa travou o seu chute.
2º tempo: Gabigol empata e força prorrogação
Os times voltaram para o segundo tempo sem alterações em suas escalações, mas, no Flamengo, com Bruno Henrique atuando mais próximo de Gabigol, centralizado, o que fez Arrascaeta passar para a meia esquerda. Só que o time seguiu dando espaços para o Palmeiras, que quase aproveitou com Rony, aos 7 minutos, em chute colocado, bem defendido por Diego Alves.
Mas foi um raro momento de presença ofensiva do time paulista, ainda mais recuado em seu campo de defesa na etapa final. O Flamengo tentou pressionar e conseguiu chegar várias vezes com perigo em jogadas aéreas. Foi assim aos 3, quando Arão desviou cobrança de escanteio e Gabigol não conseguiu finalizar para o gol, e aos 14, quando Bruno Henrique cabeceou para fora.
Sem conseguir o empate, o Flamengo intensificava a presença no campo de ataque, mesmo sem brilho, e apostou na entrada de Michael. Viu Arrascaeta escorregar aos 22, após ser lançado na grande área, mas não desperdiçou a chance aos 27 minutos. Gabigol foi lançado na esquerda pelo uruguaio e chutou cruzado no canto direito, mal fechado por Weverton: 1 a 1 e o 33º gol do atacante na temporada, sendo o 11º na Libertadores, torneio em que ele foi o artilheiro.
Ao invés de esquentar a decisão, o gol do Flamengo diminuiu o ritmo da final. O time carioca seguiu propondo mais o jogo, mas o Palmeiras, com as trocas realizadas por Abel, buscou reequilibrar o confronto. Só que a melhor chance antes da prorrogação foi do Flamengo, em uma jogada com dois reservas. Matheuzinho lançou Michael, que se livrou de Piquerez na grande área e bateu cruzado, mas para fora, desperdiçando ótima oportunidade.
Prorrogação: Deyverson entra e decide
Para o tempo extra, cada time apostou em uma novidade: Deyverson, no Palmeiras, e Kenedy, no Flamengo, no lugar de Bruno Henrique, reclamando de dores. E foi um desses suplentes que definiu a decisão da Libertadores. Aos 4 minutos, Deyverson roubou a bola de Andreas Pereira na intermediária, avançou sozinho até a área e chutou. A bola ainda bateu em Diego Alves antes de entrar, incluir aqui: com o centroavante marcando o seu quinto gol desde que voltou da Espanha em junho.
O Flamengo tentou reagir e teve uma boa oportunidade com Gabigol, praticamente na sequência, mas não conseguiu ir muito além disso. O Palmeiras marcava bem o adversário, em um cenário que pouco se alterou no segundo tempo da prorrogação, quando o clube carioca abusava das ligações diretas para ameaçar a meta de Weverton. Assim, sem correr muitos riscos na prorrogação, o Palmeiras conquistou pela terceira vez a Libertadores com o gol de um herói improvável, assim como no bicampeonato.