Sergio Moro: Cúpula da legenda ofereceu ao ex-juiz estrutura partidária, e mais de 600 milhões para investir na campanha presidencial
Sergio Moro cumpriu a promessa de se filiar ao Podemos, que se beneficia enormemente com a chegada do ex-juiz. Agora, o partido precisa ser capaz de oferecer estrutura adequada a uma campanha presidencial, com coordenação política forte e equipe de marketing experiente.
Por enquanto, o núcleo duro da campanha é formado apenas pela deputada Renata Abreu, o consultor de marketing Fernando Vieira e Douglas Figueiredo, secretário de Planejamento da legenda.
É quase nada, como os cerca de R$ 60 milhões que o Podemos terá para a campanha. Em entrevista ao Papo Antagonista, o senador Oriovisto Guimarães, um dos entusiastas da filiação de Moro, disse que o partido está preparado.
No meio político, porém, há consenso de que esse “preparo” só existe na cabeça dos dirigentes do Podemos, que o partido não tem suporte para manter os já escassos acordos estaduais e que as eleições de 2022 serão bem mais caras que o pleito de 2018.
Sem dinheiro nem estrutura, fica difícil convencer outros nomes de peso, da política e do mercado, a embarcarem no projeto. Esses argumentos têm sido apresentados a Moro de forma recorrente, por diferentes interlocutores, inclusive caciques de outros partidos, como ACM Neto (DEM) e Antônio Rueda (PSL), articuladores da União Brasil.
Há duas semanas, Rueda convidou Moro e Renata a ir à sua casa no Lago Sul. Disse que tinha interesse em apoiar o ex-juiz, desde que ele se filiasse à União, e abriu as contas.
Com uma bancada de 80 parlamentares, a nova legenda teria mais de R$ 600 milhões para impulsionar a campanha de Moro, além de mais de uma dezena de palanques estaduais já consolidados e uma comunicação profissional.
A União já tem candidatos aos governos dos estados de Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rondônia, Santa Catarina e Tocantins.
Em São Paulo, o partido deve apoiar Rodrigo Garcia e ainda estuda lançar nomes próprios no Rio Grande do Sul e no Amapá. Em Minas Gerais, há conversas para tentar tirar Romeu Zema do Novo e há quem defenda convidar Deltan Dallagnol a se filiar à União para lançá-lo ao governo do Paraná — no Podemos, o ex-procurador está fadado a concorrer a deputado federal.
O acordo incluiria apoio ao Podemos na ampliação de sua base parlamentar no Congresso.
Apesar da oferta generosa, Renata não topou e Moro alegou o compromisso moral com o Podemos.