Veja quem é a modelo que confessou ter matado o noivo um dia antes do casamento
Bacharel em Direito e sem histórico de violência ou passagens pela polícia, a modelo Marcella Ellen Martins, de 31 anos, foi presa por matar o noivo com um tiro no rosto dentro de um motel e por roubar uma kombi escolar numa fuga cinematográfica, na quarta-feira (9), um dia antes do casamento civil marcado com o empresário Jordan Lombardi, de 39 anos.
O advogado que defende a modelo no processo, Johnny Cleik Rocha da Silva, contou que o casal era apaixonado e ia celebrar a união em uma casa luxuosa no Distrito Federal, alugada por R$ 150 mil. O casamento religioso seria em 14 de janeiro de 2023.
Marcella, porém, discutiu com o noivo no motel, atirou nele e fugiu. Ela foi presa após se entregar a policiais militares em um posto de gasolina de Cocalzinho de Goiás, no Entorno do Distrito Federal, onde estava seminua e armada com um revólver. Levada para a delegacia, ela confessou o crime. Já no presídio, a Justiça manteve a prisão durante audiência de custódia.
O advogado Johnny Cleik disse que ela atirou em legítima defesa porque foi agredida pelo noivo durante a discussão e que vai pedir o relaxamento da prisão.
O casal se dava bem e era apaixonado. Viajava muito juntos. O perfil da modelo em redes sociais ostenta fotos em países como a França, nas Ilhas Maldivas, em Dubai, entre outros. A modelo já tinha 54 mil seguidores e fazia propaganda de cosméticos em sua página.
A modelo fez tratamento contra um câncer na coluna há alguns anos, conforme explicou o advogado, e venceu a doença. Mas há poucos meses, recebeu novo diagnóstico de câncer na cabeça e ainda não havia iniciado tratamento.
“A mãe dela, que é minha amiga, me ligou desesperada falando que recebeu uma ligação da Marcella, dizendo: ‘Mãe, matei o amor da minha vida’. Imediatamente eu entrei no caso como advogado de defesa”, comentou Johnny Cleik.
Marcella Ellen nasceu em uma família de classe média, segundo o advogado. Ela morava no Riacho Fundo I, no Distrito Federal, se formou em Direito, mas sempre alimentou o sonho de ser modelo. Na infância, a então criança cresceu em um lar evangélico, que frequentava a igreja todos os domingos.
Quando terminou o último relacionamento, Marcella decidiu se mudar para São Paulo e tentar a vida como modelo. Lá, ela conheceu o empresário Jordan Lombardi, sócio de uma empresa que presta consultoria internacional no mercado financeiro.
Mas há poucos meses antes da cerimônia, quando o casal estava em casa, no bairro Moema, uma região de alto padrão de São Paulo, Marcella e Jordan iniciaram uma briga que se arrastou até terminar na morte do empresário e na prisão da modelo.
Marcella estava com Jordan e a enteada, de apenas 3 anos, quando a menina relatou que foi estuprada por uma pessoa próxima ao empresário. A modelo alega que sofreu abuso sexual na infância e, por isso, se indignou com o relato. Ela passou a cobrar uma atitude de Jordan e queria que ele denunciasse o caso à Polícia Civil.
“Ela se viu no relato da enteada. A indignação com o caso foi tão grande que ela começou a cobrar constantemente uma atitude dele. E queria, principalmente, que ele denunciasse na Polícia Civil. A discussão foi ficando vez mais intensa e frequente”, contou o advogado de Marcella.
O advogado contou ainda que o empresário tinha uma situação financeira bastante confortável. A empresa lhe rendia, anualmente, cerca de R$ 2 milhões. O carro que Marcella usou para fugir do motel, um Audi Q7, ano 2021, avaliado em R$ 400 mil, foi um presente dado por Jordan. Ele tinha encomendado um Porsche novo, em SP, de R$ 1,5 milhão, que receberia em poucas semanas.
Segundo a defesa, o casal não tinha histórico de violência e a relação era boa. Tanto que Marcella gostava de passear com a enteada e fazia questão que o noivo a buscasse para passar os finais de semanas juntos. Ela queria que Jordan tivesse mais contato com a filha.
O advogado da modelo contou que a arma foi comprada de forma clandestina em São Paulo. Diante da denúncia da filha e a cobrança da noiva, Jordan Lombardi decidiu resolver o problema sozinho, já que não queria fazer denúncia à polícia.
“Provavelmente ele queria matar o abusador da filha, mas acabou não fazendo isso. A Marcella contou que ele foi até a casa da pessoa e fez ameaças, atirou para o alto, mas foi embora”, explicou o advogado.
Essa confusão aconteceu antes de o casal pegar o carro e viajar para Brasília, onde ia acontecer o casamento. No dia, inclusive, foi registrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) em desfavor de Jordan por disparo em via pública, de acordo com o advogado.
De acordo com a investigação da Polícia Civil, a modelo morava com o noivo, Jordan Lombardi, de 39 anos, em São Paulo. O casal estava hospedado em um hotel de Brasília há dois dias. O assassinato aconteceu no DF, e ela usou o carro do noivo para fugir do motel.
O delegado Rafhael Barboza, responsável pela investigação, disse que ela confessou os crimes durante depoimento na delegacia. A modelo foi presa por homicídio e roubo depois de se entregar à polícia em um posto de gasolina, onde estava armada e seminua.
No meio da fuga, o carro de Marcella foi bloqueado pelo rastreador. Ela abandou o veículo na BR-070, em Águas Lindas de Goiás, e roubou uma kombi escolar para continuar fugindo.
No meio do trajeto, em Edilândia, um distrito de Cocalzinho, ela abandonou a kombi e tentou se esconder em um posto de gasolina. Nesse local, ela se entregou a policiais militares.
A modelo estava com um revólver calibre 38, com balas deflagradas e intactas no tambor. Ela disse que usou a arma para atirar no noivo e ameaçar o dono da kombi para roubar o veículo.
A motivação do crime, segundo a modelo, foi que o noivo não quis denunciar à Polícia Civil de São Paulo um possível crime de estupro de vulnerável contra a própria filha, que tem 3 anos. A mulher disse que o padrasto da menina teria cometido o estupro.
A modelo ainda alegou que se sentiu indignada pelo descaso do noivo em relação à própria filha. Relatou que não aceitou o fato de o noivo dizer que não gostava da filha e que não levaria o caso de estupro à polícia por medo de ser prejudicado em sua carreira profissional como empresário.